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Sangue de Bode segue inovando na cena extrema com sua pegada experimental

Power-trio aborda conceitos agressivos e chocantes na língua portuguesa

Sangue de Bode é uma banda de Metal extremo fundada na região serrana do Rio de Janeiro, no final de 2017, por João (Baixo e Voz), Fontes (Guitarra) e Gabriel (Bateria). Sem rédeas na língua e indo estritamente ao ponto, o trio aborda relatos, angústias, e uma realidade tão crua que até o melhor dos estômagos se esforça para digerir, apresentando uma atmosfera obscura e densa, sem perder a pegada experimental que o Sangue de Bode aborda em seu universo. O power-trio lançou recentemente o disco "A sombra que me acompanhava era a mesma do Diabo", através do selo Electric Funeral Records, material que contém 12 faixas bem resolvidas, que tratam desde dias conturbados à críticas sociais e revolta. A banda segue inovando na cena extrema com sua pegada experimental e letras agressivas em português, conquistando ouvintes e marcando seu nome no mercado musical brasileiro. Conversamos com a banda sobre influências, sua história, processo de composição do disco e planos futuros.


De onde vem o nome "Sangue de Bode"?O que levou a banda a esse nome?

SDB: Bom. Primeiramente um salve aí pra quem tá lendo, e acreditamos que a busca e intenção da banda é sempre explorar palavras e/ou conceitos que consigam soar agressivos e chocantes na língua portuguesa. Fora o fato de ser uma expressão bem sonora e já íntima nos ouvidos da maioria das pessoas, justamente por conta da sua ligação com temáticas ocultas, magia negra, e todo esse universo que todos na banda acham interessante. Vale dizer que também achamos Sangue de Bode um nome que nos ajuda a escapar de rótulos, assim como tentamos no som. Podemos ir do Black ao Punk sem ficar fora de contexto.


Como se deu o surgimento dela?

SDB: Nos apresentando pra quem não tá ligado, Somos Fontes, João e Gabriel. A amizade e relação musical já vem de longa data. Eu (João), conheço o Gabriel desde a época da escola e já participamos de bandas juntos. O Fontes eu já tinha contato por conta de gigs que dividimos o palco com nossos projetos antigos, isso algumas boas vezes. Em 2017 a ideia da banda surgiu, já com o nome e com alguns rascunhos do que seriam algumas músicas, mas ainda sem formação, só uma ideia minha e do Gabriel. Por acaso o Gabriel se mudou pro Rio em 2018 e sem nenhum intermédio meu, que era o único que conhecia bem os dois simultaneamente, ele acabou fazendo amizade com o Fontes. Quando eles perceberam que tavam na pilha real de agitar um projeto, cogitou-se meu nome, a gente resgatou aquelas idéias, obviamente mais bem alimentadas ainda com a soma do Fontes e estamos ai. A conexão dos amigos!


A banda acaba de lançar material novo. Como foi o processo de composição das faixas?

SDB: Foi bem espontâneo eu acredito. Todo mundo pescou a vibe do tipo de som que saía naturalmente das nossas idéias e execuções, como cabeças individuais que contribuem para a existência de uma banda. A gente se entende bem quanto a deixar a banda com a cara que cada um quer, é basicamente a mesma coisa haha. Rolou até bem rápido, a maioria dos riffs que eu escrevi foram feitos num violão qualquer, ou numa guitarra fudida e desligada 3h da manhã. Os riffs do Fontes nem sequer foram modificados, curtimos tanto que já viraram naturalmente músicas, acho que a gente se entende como guitarrista. E a bateria também é sem restrições. O Gabriel pega as guias e faz o que ele quer com os riffs, o que de praxe já causa aquela satisfação geral de quem tá ouvindo o conjunto de tudo exatamente como gostaria que fosse. A maioria das músicas são escritas e formuladas online, até por que não moramos tão perto. Quando a gente se junta pra ensaiar, aquele quebra cabeça acontece e pelo menos pra nós é muito satisfatório e natural. Acredito que é o tipo de som que cada um ali gostaria de estar tocando naquele momento mesmo.


O último disco lançado foi muito bem recebido. Podemos esperar clipe ou Tour em Breve?

SDB: Ficamos muito felizes com a recepção da galera que ouviu. Tantos os amigos que já tínhamos, quanto com a dos novos amigos que ainda estão sendo feitos por conta do som. A gente deu uma ralada pra concretizar o trabalho e não tem como não ficar satisfeito de ver como o pessoal tem curtido. Recebemos muitas mensagens maneiras e apoio de gente que até então não conhecíamos, e isso tem sido bem legal. Certamente temos planos pra jogar nossa ideia aí na pista, e nossa apresentação de estréia já ta com data marcada. Vai ser um rolê massa, então fiquem antenados que muito em breve vamos começar a divulgação. Recebemos propostas de parceria de uns amigos muito fodas pra fazer um clipe, que conheceram a gente através do Instagram, então vai rolar algo certamente, mas no momento estamos focados e animados mesmo pra tocar por aí. Já temos um clipe no YouTube, do nosso primeiro single, nós mesmos produzimos, então se quiser dar uma moral, saca lá.


Suas letras passam uma mensagem muito forte, de onde vêm as ideias para as composições? Existe alguma composição que é mais especial pra vocês?

SDB: Bom, respondendo essa pergunta de forma mais pessoal, fui eu (João) quem, pelo menos até agora, escrevi as letras da banda. Obviamente não faz sentido ter uma banda extrema sem se posicionar e criticar da forma mais escrota possível esse sistema de merda que engole a sociedade. É impossível fugir desse tema principalmente enquanto vivemos esses tempos sombrios ao redor do mundo, e pra nós, claro, especialmente no Brasil, nessa zona. Mas o álbum também passa por momentos que são muito pessoais pra mim. Rolaram coisas na minha trajetória nessa vida aí até hoje, que ninguém tá preparado pra lidar sabe, mas podem acontecer, tem que ver qual é, e infelizmente eu vi. Se você ler algumas letras acho que dá pra sacar que não foi muito legal o que eu vi né haha. Essas letras tem muito do meu pai, da forma brutal que o perdi, e de tudo que se passou até que a perda ocorresse de fato. Perder um pai já não é algo que se supera por inteiro, pra ninguém, de forma brutal, menos ainda. No início do processo de formação da banda, ainda com essa ferida aberta e muito recente, recebi a notícia do suicídio de um dos meus melhores amigos, e isso foi muita barra também. Eu procuro ser um cara de boa no dia a dia, mas acredito que encontrei finalmente uma maneira agressiva o suficiente pra berrar as minhas merdas volta e meia e aliviar a mente nos momentos que ela quer ser minha inimiga. Escrever essas merdas acho que tem sido o melhor tratamento contra minha depressão nos últimos anos. O Gabriel me ajudou com algumas edições em palavras e frases, pra que a gente sempre conseguisse passar a mensagem espremendo o que de mais agressivo pudesse ser tirado do português. Acho que é isso. Ah, e quanto às músicas preferidas, eu gosto muito de Chafariz de Sangue. É a música mais pessoal do álbum pra mim, foi a mais difícil de cantar na gravação por conta de lembranças, mas depois de pronta pra mim é a mais verdadeira. Não posso falar pelos mulekes, mas pelas reações deles quando ouvimos o álbum pela primeira vez, eu acredito que seja Messias de Merda ou Filho de um Manequim.


Quais as bandas e fontes artísticas que inspiram o som da banda?

SDB: Algumas referências são unânimes e claramente nítidas no nosso som. Mayhem, Napalm Death, Nasum, Ratos e Morbid Angel são bandas por exemplo que certamente estão na escola de todos nós. Isso pra não ficar aqui 3 dias falando da galera toda né. Mas existe muito influência pessoal de cada um nisso também, quanto à ser uma banda. Eu e o Fontes talvez sejamos mais da escola do Thrash do que o Gabriel por exemplo, mas O Fontes já traz uma influência de Doom, mesmo que em melodias de riffs rápidos, que já tem mais intimidade com o Gabriel, e eu já não sou tão familiarizado. O Gabriel já é um cara que escuta coisas muito extremas, me apresenta várias bandas de black fodas, e ele também é muito ligado nas coisas modernas, mas também compartilha gostos comigo como Deftones, Smiths. Eu já sou um cara muito influenciado pela obra do Max Cavalera, curto pra caralho, então acho que tudo isso no fim das contas faz acontecer.


Quais os planos para 2020?

SDB: Agora que estamos com esse material lançado a intenção é caçar os roles e tocar por aí. Essa é a meta. Já temos mais sons escritos, pelo visto não vamos parar tão cedo com esse lado, mas O foco agora é tocar e disseminar essa desgraçeira por aí. No meio das merdas que a gente posta lá nas redes tem tudo. Caso alguém queira só conferir lá .   

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